Foi exatamente e nos passos em camera lenta, com o cabelo vermelho, curto e desarrumado, não mais que sua roupa, andando sem rumo, contrastando entre alinhados ingleses que seguem firmes e constantes para seus ofícios, que ela surgiu. Com um sorriso sarcástico, de canto de boca, como se soubesse o que lhe esperava. Apesar do tempo passar igual para todos, apesar dos passos seguirem o mesmo ritmo e direção, os seus pensamentos certamente não seguem o mesmo padrão cronológico imposto.
‘Olá estranho’…
Foi assim, desta forma, que me apaixonei pela primeira vez por ela, primeira, pois não seria a única.
Quando Alice chama Dan de
‘estranho’, nos primeiros minutos do filme, está na verdade definindo a verdadeira forma com a qual as pessoas criam suas convicções, todas baseadas na estranheza. A estranheza que nos une, pelo encantamento do desconhecido, a estranheza que nos separa, quando nossos conhecidos, se mostram estranhos novamente. Se pensarmos um pouco, veremos que no fundo, a vida é um eterno ciclo, que termina exatamente e ironicamente, no ponto de partida.
* Extraído do blog: http://www.gelonegro.com.br/?p=3380